quinta-feira, 1 de abril de 2010

A SEMENTE DO DIABO(1968) realização de Roman Polanski

Poucos nomes conseguiram elevar o género Terror ao status de obra prima. Dario Argento foi um deles. Assim como Lucio Fulci, e pode-se considerar também Alfred Hitchcock. E, com a "Trilogia do Apartamento", Roman Polanski conseguiu afirmar-se como um dos maiores nomes na História do cinema de terror. Este "A Semente do Diabo", com Mia Farrow e o também genial John Casavettes no elenco, consegue uma magistral atmosfera de medo e terror, com um devastador impacto psicológico no espectador. Recheado de cenas inesquecíveis e intrigantes, recheadas de puros detalhes macabros, cujo impacto acaba por ser reforçado pelas suas imortais personagens, das mais aterradoras da história do cinema. Aliado à história desenvolvida de maneira sublime, até ao seu culminante e inolvidável final, dos mais imprevisíveis e amargos da História do Cinema, "A Semente do Diabo" destaca-se assim como um dos pontos mais altos da carreira de Polanski. Tudo começa quando os recém-casados Rosemary e Guy se mudam para um sinistro prédio, onde haviam decorrido actividades satânicas e de bruxaria há muitos anos atrás. Alheios a tudo isto, o casal passa logo nos primeiros dias a ver a sua vida invadida por um aparentemente inofensivo casal de idosos, Ruth e Roman, com quem Guy de imediato faz amizade. Mais tarde, Rosemary engravida, e de imediato as indiscretas e também intrigantes intromissões de Ruth e Roman na gravidez de Rosemary passam a perturbá-la de tal maneira que esta se sente obrigada a investigar as razões que fazem o velho casal agir de tal modo. Contudo, "A Semente do Diabo" poderá não agradar a todos os fãs do género, visto colocar totalmente de parte algumas características do cinema de terror, como por exemplo, o gore. "A Semente do Diabo", de Polanski consegue os seus méritos através do suspense psicológico, a incrivel atmosfera que se cria em torno de Rosemary e o seu filho. Tudo isto é reforçado pela magistral interpretação de Ruth Gordon(a argumentista de A Costela de Adão, de George Cukor) Ela foi, sem quaisquer dúvidas, o elemento do elenco que mais se destacou, e será eternamente recordada como a vizinha mais sinistra de todos os tempos. Ao mesmo tempo que é um excelente filme, "A Semente do Diabo" parece tecer também uma crítica à religião católica, repleta de hipocrisias e ganância, e esse sentimento é sobretudo mais visível no diálogo final de Roman, após Rosemary ver pela primeira vez o seu filho: "(...) Ele ascenderá dos infernos para vingar o nome dos queimados e torturados!" em alusão ao poder desproporcional do clero ao longo dos séculos. Há também um certo optimismo na cena final, em que Rosemary parece aceitar o seu filho, independentemente de tudo, reforçando a ideia do quão forte é o amor materno. E, apesar de isto soar um tanto sentimental demais, foi sem dúvidas um digno final para um dos grandes filmes da década de 60. Por Tiago Silva.